Prova - Livro “Lições de Arquitetura”, de Herman Hertzberger
Análise
crítica da intervenção na Casa da Glória, em Diamantina
O
espaço escolhido pelo grupo para ser trabalhado a intervenção foi o corredor
de acesso ao refeitório, principalmente por apresentar um potencial mal
explorado (seja por seu tamanho [aparentemente largo demais], ou pelo fato de
ser muito movimentado e utilizado) e servir (do jeito que está) apenas como um
cômodo de articulação entre dois outros – nesse caso, os corredores que
contornam o pátio ao ar livre da Casa da Glória e o corredor externo do prédio
do refeitório.
Seguindo
os conceitos apresentados por Herman Hertzberger em seu livro “Lições de Arquitetura”, é possível
realizar uma análise da intervenção proposta pelo grupo, que consiste em uma rede
suspensa por toda a parte superior do corredor e duas estruturas multiuso, compostas
por cubos e dispostas uma em cada canto do espaço, numa diagonal.
Primeiramente,
obedecendo a ideia de forma convidativa,
a intervenção torna o espaço mais bem mais atrativo que antes, apresentando
elevado potencial de acomodação. Os cubos que formam as estruturas posicionadas
no chão foram desenvolvidos com as dimensões adequadas para que, primeiramente,
a função principal do corredor (a de circulação de pessoas) pudesse ser mantida.
Com o tamanho determinado e posicionando-os empilhados, foram criadas irregularidades que tornam possível que qualquer
um possa se sentar confortavelmente sobre eles, além de possuírem altura
suficiente para que sirvam como degraus que viabilizam o acesso à rede, que
fica mais próxima ao teto. Esta, por sua vez, também serve como local de
repouso para que os usuários possam se sentar ou deitar, podendo também
escolher sua posição ao longo de todo o cômodo.
Com
relação às ideias de urdidura e trama
e às de polivalência, flexibilidade e funcionalidade,
todas abordadas na parte B do livro (que aborda a abertura para
as utilidades que uma forma pode apresentar) temos que as estruturas formadas
por cubos da intervenção são amplamente multifuncionais e polivalentes. Em
primeiro lugar, alguns dos cubos apresentam possibilidade de realocação no
espaço, fazendo com que as estruturas adquiram formatos diferentes de acordo
com a vontade das pessoas que utilizam do local. Ademais, a estrutura como um
todo serve, ao mesmo tempo, como assento, mesa ou apoio, escada de acesso à
rede suspensa e prateleira (nos cubos vazados), além dos que comportam as
“máquinas de livros” – cubos com aberturas de onde podem ser retirados livros randomicamente,
de forma a proporcionar uma experiência inesperada ao usuário.
Sem levar em
consideração os conceitos de posse e responsabilidade sobre certo espaço como
determinantes em se o mesmo é privado ou
público e observando apenas as demarcações
territoriais (nesse caso, a rede) presentes na intervenção, vê-se que o
espaço se torna parcialmente dividido. O grau de acesso continua o mesmo, já
que não há restrições ou impedições para determinadas pessoas. Portanto, todo o
espaço ainda é público. Por outro lado, a rede serve como gradação territorial, uma vez que dá uma sensação maior de
privacidade da que (in)existe no chão. Isso porque o fluxo de pessoas acontece
apenas por baixo da rede, e o campo de visão de quem se encontra acima dela é
limitado às outras pessoas que a acompanham.
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